Sonhei com você. Um sonho lindo. Gostoso de sonhar.
Te abracei. Te abracei em várias fases e tamanhos.
Abracei meu bebê gorducho e pequenino, que estava sempre procurando meu seio. Sempre com fome. Abracei minha menininha risonha, que se olhava linda no espelho, fantasiada de baiana pro carnaval, ou de princesa pra ir à pré-escola. Abracei minha garotinha que descobria palavras novas a cada dia e experimentava colocá-las em lugares diferentes e daí me olhava, esperando a aprovação ou a correção.
Abracei a minha meninona, que cresceu de repente, ficou maior que os meninos que a atraiam, se sentiu feia, teve medo, mas segurou a barra. Abracei minha adolescente que desabrochava, que experimentava a primeira paixão, que não sabia ainda o que se conta ou não pra mãe... e como contar... Abracei minha jovenzinha, que se dividia em várias, pensando na escolha profissional, no futuro amoroso, nas responsabilidades que deveria assumir... abracei a minha menina que já se achava mulher... Abracei uma jovem linda, cheia de dúvidas sobre o que pensa, o que sente, como deve fazer, que reflete o tempo todo sobre todas as suas escolhas, posturas, comportamentos.
Abracei esta moça que me ensina a cada dia como é possível mudar, como somos responsáveis pela nossa própria felicidade, como podemos contribuir com o mundo, como importam sim os nossos sentimentos e pensamentos e como uma menininha chorona pode se transformar em uma mulher tão corajosa.
E conversamos. Muito. Na linguagem infinita e que supera todos os obstáculos. Da mesma forma que converso até hoje com a minha mãe, conversei com você. Andando pelas ruas de Adelaide, vendo placas escritas em inglês, namorando vitrines, pensando no vinho para o jantar, escolhendo tomates para a salada com palmitos contrabandeados... Andamos pela praia. Conversamos olhando pro mar, vendo as ondas, ouvindo a paz do barulho marítimo. Andamos pelas nossas ruas do Butantã. Mas desviando das muito conhecidas, onde poderíamos encontrar amigos e teríamos que abrir espaço em nossa conversa. Conversamos em silêncio. Sem palavras. Por telepatia, talvez! Cantamos uma musica que parecia fazer todo o sentido naquele momento. Rimos. Rimos muito, como não fazíamos há tempos. Soltamos lágrimas emocionadas.
E aí você deve perguntar como eu me lembro deste sonho. Eu, que nunca me lembro do que sonhei! Tão simples... me lembro porque sonhei acordada. Porque sonho o tempo todo com estes abraços e porque os sinto.
eu também tenho sonhado acordada com as minhas meninas...obrigada pelo texto minha querida
ResponderExcluirQue momento interessante este que estamos passando, não é mesmo? Vamos tomar uma cerveja? Marcar alguma coisa lá em casa pra todo mundo matar as saudades da Caxingui!
ExcluirQue lindo! Eu que não acompanhei tão de perto o crescimento dessa moça linda, vi-a em cada momento descrito. Sonhei junto aquele sonho em que a gente é observadora.
ResponderExcluirGente. Quase chorei aqui no avião. Pera. Suas bonitas. ❤️ Nayara
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