quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Agora sim, porque Martha, irmã de Maria

Pensando sobre os motivos que me levam a escrever estas confissões, memórias, desabafos...

O que me moveu no início foi o desejo de contar mais de mim aos meus amados mais próximos. Registrar os meus sentimentos e experiências para que meus filhos, meus netos, meus amigos, pudessem ler e aproveitar alguma coisa deles. Claro que, de quebra, o desejo de que me entendessem melhor, se solidarizassem, participassem de uma forma mais próxima da minha vida.

Eu sempre rabisquei coisas e sempre quis ser mais disciplinada e frequente nestes registros. Mas nunca consegui ter confiança ou constância. Parece que o gatilho foi o Marcelo Rubens Paiva. Vi uma entrevista dele em que ele comenta que muita gente diz ter vontade de escrever ao ler seu livro "Ainda estou aqui", Fiquei bobamente surpresa! Pensei que só teria acontecido comigo. Sou uma dessas pessoas. A vontade já estava lá, mas a emoção de ler sua história, tão pessoal, escrita de uma forma tão honesta, simples, bonita e parecendo até fácil, me motivou!

Os dois primeiros textos deste blog saíram neste momento, em que eu lia o livro. Quase que ao mesmo tempo eles brotaram e foram aparecendo em palavras escritas em um "tablet", com um terrível teclado "touch". Mas foi quase incontrolável escrever e escrever... e chorar escrevendo e relendo o que tinha escrito.

Agora me cobro que outros textos apareçam da mesma forma, com a mesma emoção. Não acontece. Não é assim. Talvez eu deva reler o livro do Marcelo!

Mas, talvez sem tanta emoção, mas não com menos verdade, outras histórias se (des)constroem nas minhas memórias e pedem pra ser contadas. Ou são cobradas.

Tenho dois pedidos para contar por que o blog tem este nome: Martha, irmã de Maria. Então, vamos lá.

“ Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa.Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos. Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.” (Lucas 10:38-42)


Esta Marta te lembra alguém? Me lembra tanto a mim mesma que eu volto a pensar no "peso dos nomes".

Há controvérsias sobre a escolha do meu nome. Quando minha mãe estava grávida do primeiro filho, havia uma certeza infundada - em tempos sem ultrasom - de que seria uma menina. Nome escolhido desde logo e de comum acordo, ela se chamaria Heloísa.

Nasceu um menino. Luiz Fernando. Nome herdado do desejo do meu avô materno, que teve três filhas e sempre esperou pelo Luiz Fernando.

Quatro anos depois, na segunda gravidez, chega a menina. Diz meu pai que quando foi fazer o registro perguntou à minha mãe qual seria o nome, certo de que seria Heloísa. E ela respondeu rapidamente: Martha. Com te-agá para distinguir do animal. A Heloísa tinha ficado no passado... esperaria trinta e quatro anos para vir.

Sendo minha mãe de uma família presbiteriana, frequentei a escola dominical e devo ter conhecido a história de Marta, irmã de Maria e de Lázaro (este mais conhecido, não é?) ainda pequena, mas será que a história me influenciou? Será que uma história bíblica ouvida pequena influenciaria tanto a personalidade de alguém? Acho que não.

Mas o fato é que eu sou esta pessoa, que corre de um lado para outro, que cuida da casa, que não escolheu a "boa parte"...

Tá certo que eu gosto tanto do serviço de casa, de ser a "dona de casa", de receber as pessoas, que penso se não é esta uma "boa parte".

Mas o fato é este: sou de uma geração de Martas. Quando entrei na faculdade, só na minha turma eramos quatro. Mas a maior parte das Martas - com teagá ou não - se identificava com o fato de ter o mesmo nome da Martha Rocha, a Miss Brasil que perdeu o Miss Universo por duas polegadas em 1954. Eu não... minha identificação ficou por conta da Marta bíblica, a irmã de Maria.  

3 comentários:

  1. Pois Marta, irmã de Maria (e de Lázaro), segundo o livro "Operação Cavalo de Troia", era muito amiga de Jesus e sua contemporânea e, por isso, muito importante. Maria seria mais nova e também por esse motivo, não caberiam a ela os "deveres domésticos". Toda a família gozava de alta estima por parte do "Rabi" e a maior prova de intimidade e laços afetivos estreitos entre eles é justamente o episódio da morte súbita e precoce de Lázaro. Jesus, ao voltar de uma viagem, se deparou com a triste notícia. Marta disse, então, que se Jesus lá tivesse estado, Lázaro não teria morrido. O que Ele fez depois, já sabemos. Inteligente você, portanto, ao adotar essa Marta como referência. Nada mau ter um amigo assim, hein? "Diz-me com quem tu andas..."

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    1. Querida, estou mesmo em boa companhia... obrigada por passar por aqui. E por comentar.

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  2. Delícia de leitura! Sempre me deixa com vontade de estar ao seu lado pra continuarmos o assunto... Rs. Em breve!! ❤️

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