sábado, 17 de julho de 2021

Anos extraordinários

O ano passado foi um ano extraordinário. No sentido de começar já com reviravoltas e mudanças de curso. Meus objetivos iniciais eram de fazer longas caminhadas, visitar museus e exposições, ler muitos livros, planejar e fazer viagens, olhar mais para mim...

Já comecei levando um tombo em uma das primeiras caminhadas! Torci o pé, esfolei o joelho, me senti lenta, pesada e velha. 

Confusa  com horários e com a escolha de como ocupá-los, em uma rara quinta-feira em que falhei com a minha visita semanal ao meu pai recebi um telefonema dele assustado, triste, nervoso, amedrontado. 

Era final de janeiro e meu nem sempre bom, mas sempre amado pai, veio para minha casa. Para passar aqui comigo os seus últimos meses. É com a dor desta saudade imensa que escrevo. Não é este o tema deste texto, mesmo que ele margeie ou povoe tudo o que eu penso e sinto agora.

A partir daí um trator de fatos e emoções parece ter passado por cima de mim. E por cima do mundo. Emoções, aprendizados, sustos, surpresas, alegrias, tristezas, conquistas e fracassos. 

No ano da marmota, em que todos os dias pareciam iguais, a vida foi se transformando. Por baixo dos acontecimentos de maior impacto ou de maior visibilidade, muitas camadas de peles, de sentimentos, de ideias, de convicções foram se alterando, quase que imperceptivelmente...

Agora, momento em que o mundo parece querer voltar ao normal e as pessoas falam disso observando quais serão as diferenças nos padrões de comportamento e em quanto o a vida estará e será diferente, começo a me deparar com a maior mudança de todas. A mudança não é no mundo, não é nas pessoas, não é no meu cotidiano. Continuo vivendo o dia da marmota. Não me incomoda viver o dia da marmota. O dia pode ser muito parecido com o ontem, o cotidiano pode ter as mesmas marcas, mas eu não sou a mesma. E isso faz com que cada dia seja diferente porque a cada dia eu me descubro um pouco e a cada dia eu aprendo um pouco a viver com as diferenças da minha vida e como elas repercutem em mim.