quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Livros de janeiro

 Comecei o ano lendo bastante! Não sei muito bem se  foi porque tive mais tempo livre (tive mesmo porque reduzi bastante a minha atuação no Butantã e a pandemia restringiu bastante os meus encontros com amigos) mas acho que foi também porque fechei o ano e  comecei janeiro com um livro apaixonante:


Pachinko, de Min Jin Lee, é uma saga familiar. Uma pequena família coreana, a jovem Sunja e sua vida e a de seus filhos. A cultura oriental coreana e japonesa (Sunja se muda para o Japão), a guerra, as dificuldades, os preconceitos. Uma história linda e, felizmente, longa! 

Depois de um livro arrebatador acho sempre difícil escolher o próximo. Para não perder o ritmo peguei um pequenino do Valter Hugo Mãe: 


Serei sempre o teu abrigo, é uma pequena história doce e delicada. Como todas as do VHM também um pouco triste. Mas bonita e para ler em uma tarde. 

Estava me preparando para a leitura do novo romance do Mãe, que pedi e ganhei no natal:


As doenças do Brasil. Foi difícil. Achei por um momento que não ia conseguir terminar o livro. Demorei para me habituar e para gostar da linguagem, me senti irritada com a impressão de que não estava entendendo nada. A partir do quarto ou quinto capítulo o livro parece ter me envolvido mais e daí não tive mais vontade de abandoná-lo. Longe de ser o meu preferido dele - A Máquina de fazer espanhóis e O remorso de Baltazar Serapião ainda são os meus preferidos - As doenças do Brasil é interessante. Talvez mais duro ainda porque vivemos em tempos tão doentes neste país...

Para dar um alívio e porque queria participar de uma conversa em um clube do livro, o próximo livro veio sem que eu tivesse muita informação ou expectativa:


O Lugar, de Annie Ernaux. Li em um domingo de sol. E não que ele seja um livro solar, porque é um livro sobre relação e ruptura de pai e filha, assunto que nunca é leve pra mim. Me apaixonei. Lindo, de leitura que segura e encanta. Li de uma vez porque ele é pequeno, mas também porque não consegui largar. Foi o segundo preferido do mês. 

Mas, parece que eu tinha desafios a me impor para este começo de ano. Resolvi reler, já que li há décadas e não lembrava de nada:

A paixão segundo GH. Eu não achei que seria fácil, afinal, quem diz que Clarice Lispector é fácil? Mas, foi BEM difícil. Fui movida pela sugestão de uma amiga de que eu não procurasse entender, apenas sentisse... ok... mas no início - depois de um primeiro capítulo maravilhoso em que me reconheci, me senti esperta (achei que estava entendendo tudo!) e acreditei que não seria assim tão difícil - o sentimento que me dominava era o nojo!!!! Acostumei. Superei. Mas aí o sentimento mais forte era de que minha inteligência não dava pra tanto! Movida pela ideia de sentir mais do que racionalizar, dei sequência. As vezes aflita, as vezes angustiada, muitas vezes impaciente. Valeu a pena, claro! Acho que gostei mais décadas atrás - talvez eu estivesse mais aberta aos sentimentos e menos preocupada em entender - mas claro que gostei desta vez. Não será meu livro de cabeceira, no entanto, talvez eu ainda volte a ele.

Para fechar o mês, achando que eu conseguiria relaxar um pouco:


Pequeno, porém pesado? Bonito, interessante, bem escrito, e duro. Bem duro. A leitura corre fácil. Não dá sensação de estranhamento de linguagem nem de não estar entendendo nada. Gostei dos personagens, me senti nos rochedos da costa do Pacífico colombiana. Adivinhei o final errado algumas vezes. Acertei no fim. Leia. Me diga o que achou.

Provavelmente não manterei esta média de leituras mensais. Seis livros não é o que eu costumo ler de jeito nenhum. Li tanto porque tive tempo, porque dei sorte nas escolhas e porque vários deles são bem curtinhos. Mas o primeiro de fevereiro está me encantando... conto no fim do mês se alguém quiser saber.