Meu esforço de viver o presente - tentando praticar mindfulness, fazendo um esforço para caminhar todos os dias, tentando parar com as listas do futuro e buscando prazer e compreensão de que estas são apenas atividades do presente - parece amparado pelo desejo de muitos outroas. Claro que estamos em um momento que convida a isso, afinal, qual é a garantia que temos de futuro com uma pandemia matadora em curso, com um governo ameaçador fazendo campanha para mais quatro anos de poder e encontrando apoio para isto?...
E a idade também ajuda, ou atrapalha... É difícil quando a gente deixa de se reconhecer nas fotos. Um espanto a cada clique! Mesmo os cliques sendo possíveis o tempo todo! Pior ainda? Não me acostumo e me surpreendo a todo momento com o fato de a cada dia ser mais parecida com as minhas tias do que com a minha filha...
A perda de pessoas importantes - meu pai se foi velhinho, com 93 anos, o que embora torne a perda menos revoltante, não a faz menor - faz com que a gente suba, ou desça, na linha de probabilidade. Meu irmão e eu subimos com a morte do meu pai! E perceber que dos meus amigos(as) mais próximos só três tem mães vivas (pai eu era a última) também é um tapa na cara, afinal, tenho muitos amigos(as) próximos(as)!
E aí eu me vejo perguntando... e se este ronquinho no pulmão for uma coisa mais séria? E se minha hora também não estiver longe? E se meus esquecimentos não forem apenas falta de atenção e excesso de tarefas? E se eu não for refratária a Alzheimer como pretendia ser? E se a minha cabeça resolver dar trabalho para os meus filhos e filha? E se eles, especialmente ela, não se convencer de que a vida continua sem mim e me perder não é a pior coisa do mundo????
Por que eu não me acostumo com a liberdade que tenho agora? Ninguém depende de mim! E eu não consigo. Sinto saudades...
Escrito em 2022
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