segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Lu e Maró

 Por que a gente se perde de pessoas que amamos? Sem nenhum desentendimento, sem briga, sem grandes mudanças geográficas... 

Continuamos quase vizinhas. Mantivemos os mesmos números de telefone por anos e anos. Nossas vidas nem sequer tomaram rumos inesperados ou surpreendentes. Mas nos perdemos. Mesmo sem esquecer. Mesmo sem deixar de querer bem, nos perdemos. 

Um ou dois encontros em trinta anos. Um enterro, um encontro casual... 

Uma notícia assustadora. É agora ou nunca mais! E assim, timidamente nos reencontramos.

Com a minha velha teoria de que sou eu que sempre falho ou falto, cheguei procurando desculpas, justificativas, sem coragem de perguntar sobre o que se passa, só querendo justificar minha falta no passado, talvez até prevenir de uma futura falta também no futuro...

Não era necessário. Não eram solicitadas justificativas. Afinal, eu também não precisava delas para voltar a me sentir próxima, para nos reencontrarmos, para saber que alguns elos tem vínculos tão fortes que se refazem sem necessidade de grandes cirurgias. Não são necessários pedidos de perdão, desculpas, explicações. Basta a presença. E, assim, nos reencontramos.

Quinhentos anos de vida para colocarmos em dia. Muitas lembranças para resgatarmos. Algumas absolutamente iguais e complementares, outras tão diferentes que parecem inventadas por um lado ou pelo outro.

Conversas que se estendem por horas. E poderiam continuar por outras tantas horas... 

O que temos ainda por aqui? Quantas horas serão possíveis? Quanto conseguiremos acertar o passo de nossas conversas? Quanto eu ainda poderei aprender? 

Por que os chamados e a permanência? O que ainda te mantém aqui? Quais são os seus medos? Quais são os meus medos?

O que aprendemos com as aflições que passamos? 

E assim tive a oportunidade de me despedir. Talvez tenham faltado encontros. Algumas perguntas eu não tive coragem de fazer. Algumas histórias vividas nós não lembramos. 

Que possam cair as lágrimas e que permaneçam também as risadas. Saudades da amiga mais antiga. 


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